domingo, 4 de abril de 2010

Conto dos Olhos

Era um coração, assim vazio. A alma é que era cheia de tudo e demais; transbordava. Mas o vazio do coração não resistia às batidas e refugiava-se nos olhos.
Os olhos, então tão cheios de vazio, eram vazios e cheios. Olhavam e não viam; enxergavam. O recheio, tão feito de nada, era denso, era tudo.
O que todos viam era um alguém que existia de mau grado e de agrado. Gostavam das mãos frias que iam aos olhos frios, cheios e vazios, que todos julgavam quentes. Gostavam, talvez, do não-existir desse alguém.
Sendo um "não", era alguém que inspirava certo orgulho, um certo não sei quê. E foi vivendo, sendo um não-não-sei-quê, de mau grado agradando, com dois olhos cheios e vazios. Ou mil, não se sabe.

4 comentários:

  1. Gostei dos seus escritos... Em especial a sua introspecção e maneira única de ver o mundo.

    Voltarei mais vezes...
    Um beijo

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  2. Bom gancho o da introspecção. Não julgaria esse texto, pois há uma relação pessoalíssima entre mim e a autora. Mas a perturbação gerada é tamanha que esse chato decide dizer algo. É um conto dos olhos que não veem, mas que enxergam.Enxergar é um ver além, um não reduzir e
    dar amplidão e sentido a tudo que o merece. Talvez, mesmo que Giulia não saiba haja nesse texto um clamor, pelo ver mais e melhor.

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  3. olá gostei do poema é simples, mas tem em si um certo tipo de que todo se rhumano pensa assim, vive aquilo que nunca viveu e sonha aquilo que jamais sonhou.

    Beijos amei a música!

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  4. No seu perfil você diz que pouco sabe falar sobre si mesma. Porém, ao me deparar com um texto desses fico pensando o quão verídica é essa informação.
    Temos que preencher o vazio enxergando o mundo com a alma. Afinal: "o essencial é invisível aos olhos".

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