domingo, 4 de julho de 2010

A Paixão de quem não diz

Era Junho e estavam sentados ao sofá. Não havia televisão, ou livros, ou chá, nem mesmo café. Havia a grande, enorme janela aberta. Um dia infinito brilhava seus olhos. Havia o Sol, um céu pouco salpicado de nuvens cinzentas e rosadas, como se tivessem aquela vergonha que só o Amor oferece.
Uma brisa ventou furiosa e ergueu a saia da moça mulher. Seus joelhos ficaram à mostra, mas as mãos não se moveram, tampouco os olhos. Seus lábios separaram-se úmidos lembrando uma canção afônica. O rapaz homem a acompanhou nessa canção que também sabia, e os dois cantavam, sorriam olhares esverdeados melados com a luz da tarde que nascia.
Agora tudo era vermelho, ninguém respirava mais alto e melhor que o casal. Então um grito saltou do peito dos dois e somente as flores foram ouvir, frementes como a grama e todas as folhas do dia sem fim. O homem buscou o dedo indicador da moça. A mulher usou todos os outros dedos, a palma e o punho para segurar o rapaz. Puxou-o para perto de si, deitou-o em seu colo. Ele apertou a barriga da eterna namorada, levantou-se e beijou seus olhos.
Era noite. Foi o dia e a tarde. Era Junho. Seria infinitamente beijo.